O fim da “economia de casino”
A “economia de casino”, que permitiu a alguns enriquecer praticamente sem trabalhar, à custa da especulação e do aumento do fosso social em todo o mundo, parece ter os dias contados.
A crise rebentou agora, mas a história pode ser datada do início dos anos 80 do século XX, quando o chamado fordismo – o modelo capitalista assente na produção de bens e mercadorias - começou a dar lugar ao “capitalismo flexível”, fortemente baseado nos serviços e na especulação. Harvey chamou-lhe a “economia de casino”.Puxada pelo casamento entre telecomunicações e informática, a economia mundial transfigurou-se.
No modelo “flexível”, a necessidade de produção tornou-se menos importante do que jogar na bolsa ou fazer outras aplicações meramente financeiras. A especulação imobiliária, por exemplo, constituiu-se numa das actividades económicas mais rentáveis, em todo o mundo.A “economia de casino” teve profundas consequências, em todos os planos: económico (os serviços passaram a suplantar os sectores primário e secundário), social (o desemprego aumentou ou tornou-se mais precário, o individualismo acirrou-se), filosófico (aumentou o relativismo e o cinismo), moral (a crise de valores generalizou-se), cultural (acentuou-se a tendência para a uniformização cultural e ideológica) e política (enquanto ia sendo incentivado o cepticismo e a desconfiança da sociedade em relação à política, a democracia representativa, cada vez mais apenas formal, tornou-se o único modelo político “legítimo”).Essas transformações exprimiam-se (exprimem-se) globalmente, devido aos extraordinários desenvolvimentos das tecnologias e dos meios de comunicação.
(...)
A “economia de casino”, que permitiu a alguns, nos últimos 30/40 anos, enriquecer praticamente sem trabalhar, à custa da especulação e do aumento do fosso social em todo o mundo, parece ter os dias contados.
* João Melo, jornalista e escritor angolano, é diretor da Revista África21 e assina coluna no Jornal de Angola
http://www.africa21digital.com/noticia.kmf?cod=7798352&canal=405
A crise rebentou agora, mas a história pode ser datada do início dos anos 80 do século XX, quando o chamado fordismo – o modelo capitalista assente na produção de bens e mercadorias - começou a dar lugar ao “capitalismo flexível”, fortemente baseado nos serviços e na especulação. Harvey chamou-lhe a “economia de casino”.Puxada pelo casamento entre telecomunicações e informática, a economia mundial transfigurou-se.
No modelo “flexível”, a necessidade de produção tornou-se menos importante do que jogar na bolsa ou fazer outras aplicações meramente financeiras. A especulação imobiliária, por exemplo, constituiu-se numa das actividades económicas mais rentáveis, em todo o mundo.A “economia de casino” teve profundas consequências, em todos os planos: económico (os serviços passaram a suplantar os sectores primário e secundário), social (o desemprego aumentou ou tornou-se mais precário, o individualismo acirrou-se), filosófico (aumentou o relativismo e o cinismo), moral (a crise de valores generalizou-se), cultural (acentuou-se a tendência para a uniformização cultural e ideológica) e política (enquanto ia sendo incentivado o cepticismo e a desconfiança da sociedade em relação à política, a democracia representativa, cada vez mais apenas formal, tornou-se o único modelo político “legítimo”).Essas transformações exprimiam-se (exprimem-se) globalmente, devido aos extraordinários desenvolvimentos das tecnologias e dos meios de comunicação.
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A “economia de casino”, que permitiu a alguns, nos últimos 30/40 anos, enriquecer praticamente sem trabalhar, à custa da especulação e do aumento do fosso social em todo o mundo, parece ter os dias contados.
* João Melo, jornalista e escritor angolano, é diretor da Revista África21 e assina coluna no Jornal de Angola
http://www.africa21digital.com/noticia.kmf?cod=7798352&canal=405
1 Comments:
Olá,
eu também quero muito fazer
o transiberiano,
podes enviar a informaçao
que encontrares?
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